quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Texto retirado do baú


        Florianópolis, cercanias da Praça XV de Novembro. Observem a arquitetura que se perdeu.

             NO DIA QUE AMANHECE

            Neste dia que amanhece nesta cidade cosmopolita como é Curitiba, lembranças me  vem à mente, coisas agradáveis e até coisas tristes que procuro esquecer.
            Uma coisa boa de ser lembrada são as reuniões que se processavam na minha casa, quando morava no centro da capital onde nasci.
            A casa era um pit-stop pra qualquer saída pra festinhas ou bailes.
            Uma batidinha de maracujá habilmente preparada por nossa mãe marcava o início e prenunciava a noite de sexta, ou Paineiras ou outro lugar qualquer, o que importava era a turma estar reunida pra conversar, falar sobre o que nos ligava, -  o teatro - , brincar uns com os outros, falar de futebol – sempre papo Avaí e Figueirense -  ou, simplesmente, jogar conversa fora.
            Havia sempre os ensaios, por vezes exaustivos em se tratando de direção de Odilia Ortiga para, muitas vezes, uma única apresentação no TAC ou no SESC, onde participávamos do Grupo dos 20. Tantos ensaios para a peça sair perfeita e, na estréia, sem a presença da diretora, estratégia para a “turma” aprender a andar com suas próprias pernas.
            Após os ensaios, que tal um cuba, uma cerveja? Claro que um tira-gosto sempre acompanhava.
            Não declino nomes, pois posso omitir alguém, mas era um grupo misto, com certeza. Num clima de cordialidade, rapazes e moças sem qualquer outro mote que não o da amizade, estávamos sempre juntos.
            Não havia telefone em nossa casa, fato que só obtivemos quando fomos para o bairro Abraão e eu à época trabalhava na companhia telefônica e entrei no plano de telefones para funcionários---cuja mesma linha possuo até hoje.
            Falando nisso, como os números de telefone foram crescendo à proporção que as linhas se expandiam! Inicialmente o número do telefone tinha quatro dígitos, hoje, oito e poderá aumentar dada a demanda.
            Pois bem, não tínhamos telefone, mas estávamos sempre nos comunicando, pois morando no centro as visitas aconteciam somente pra dar um alô e ver o que faríamos na semana, pois o estudo e o trabalho – alguns já trabalhavam – vinham em primeiro lugar.
            Ah, esqueci dos livros! Um amigo do grupo vivia com um livro embaixo do braço, daí o chamávamos de “suvaco ilustrado”. O cara era um rato de biblioteca. Com ele procurava saber o que estava sendo lido. Sem TV, sem celular, o livro era um companheiro inseparável e o é para mim hoje em dia.
            Lembro-me que li obras de Hermann Hesse, Isaac Asimov, George Orwell (pois não é que hoje ainda se fala da obra dele, “1984”, e como o que está escrito ali se tornou realidade!), e os autores que escreviam peças de teatro, sempre comentados por algum do grupo, Neil Simon, Nelson Rodrigues, Samuel Beckett,  Tostoi, Oswald de Andrade, George Bernard Shaw, Ibsen, Bertold Brecht, Sófocles, Martins Pena, Millor Fernandes e tantos outros que a partir dos anos 60 (do século passado, claro!) faziam a cabeça dos jovens da capital, aqueles que estavam motivados para tal.
            Então, vivíamos os livros, o teatro, o cinema e, claro, as rodadas com um cuba, uma cerveja ou, simplesmente, refrigerantes, o que importava é que estávamos unidos, nas conversas sejam lá em casa ou no barzinho da moda.
            As coisas mudaram, a cidade mudou, o mundo deu muitas voltas.
            Observo que meus sobrinhos mantém suas amizades, tem a sua “galera”, vão às baladas,  mas tenham  certeza, amizades como tínhamos e ainda mantemos, embora só uma grande reunião no fim do ano, -  poucos, muito poucos!
            É isso, no dia que já está na metade da manhã, as boas lembranças vieram à mente e, queridos amigos que lêem estas linhas, como são boas estas lembranças!
            Maura Soares, Curitiba, aos 04 de fevereiro de 2011, 09.45h, hora em que direto no computador, faço a digressão.

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Reflexão de Marcos Bayer

Querido amigo Marcos, aqui está tua reflexão e a carinha do neto, como prometi.
Este blog foi feito para isto: para minhas coisas e de amigos.
beijo grande,
maura






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The Grand Son ...
                                                                               Marcos Bayer

     Nisto a língua inglesa foi mais feliz do que nenhuma outra, cunhou grandson, o neto.
     Mas intenso do que isto só no latim, anima, alma que vida dá ao corpo.
     O grandson é o neto que chega, aos três anos, mais ou menos, vem rindo, com cara de maroto, garoto sapeca, ligeiro e arteiro.
     Ele não receberá o que recebeu o filho. Nem o cuidado excessivo, nem a exigência demasiada, ou a preocupação exagerada...
     Ele vem olhando à volta, mirando o horizonte, sabendo que é vida nova, quase consciente do encontro final entre o grand father que parte e ele que inicia...
     Sem palavras muitas ou explicações definitivas, ambos sabem, pela alma, da vida que cicla... Ele vê um mundo de gigantes, de coisas absurdas, de bichos e aviões, de fantasias complexas e engenhosas...             O grand father vê tudo igual, maior, ampliado, vivido e experimentado. Não há mais a necessidade da explicação formal que foi dada aos filhos... Ao neto, o grande filho, apenas o lado incompreensível do Universo...
     Por isto enxergam as mesmas coisas no horizonte...
     E riem do que não compreendem... Apenas riem...