sábado, 31 de dezembro de 2011

Nesta onda de comilanças do fim do ano (em todos os sentidos), surgiu este poema sensual e antropofágico.



ANTROPOFAGIA

E assim, chegas

e me dominas

Em ânsias,

desmaio em teus braços

Vivemos a volúpia do amor proibido

Quem se importa?

Queremos vivê-lo intensamente

como loucos,

insanos, 

débeis neste amor

que é a nossa loucura.

Como um lobo faminto

me devoras

comes minhas carnes

com teus dentes,

tua boca ávida a me sugar

e eu, inocente ou louca

me deixo ser devorada

na carne, no âmago do meu ser.

Com meus dentes também te devoro

na intenção de ter teu corpo

sempre comigo e não te deixar ir embora.

Nesta antropofagia, nos devoramos,

nos penetramos para cada qual

absorver o mais profundo

de cada um e viver imbricados

neste amor sem fim.

Maura Soares, aos 21 de dezembro de 2011, 16.55h-  verão

domingo, 25 de dezembro de 2011

Antes que termine o dia, posto a reunião da Familia Soares, dezembro de 2011.

Sempre falta um pra foto que, decerto, estava em sala próxima.
A pressa em fotografar nem deu tempo de arrumar o cenário.
Só alegria.


COISAS DO NATAL

Está mais do que provado que Natal é a Festa da Família e a nossa não foge à regra.

Harmonia, brincadeiras, umas 4 ou 9 cervejinhas, pratos deliciosos, sobremesas idem, vinho, espumante, troca de presentes, enfim, alegria geral.

Sempre há os que não podem vir para a reunião regada também com canto meio que atravessado.

Risos, muitos.

Assim passa-se uma tarde agradável, embora a chuva, a temperatura mais fria para esta época do ano, meio que deseja acabar com a alegria.

Não com os Soares.

Chuva?

Frio?

Nada impede da turma se reunir.

Irmãos, irmãs, sobrinhos, sobrinhas, sobrinhas-netas e as namoradas dos sobrinhos e filho e alguns amigos a emoldurar com a juventude numa festa em que todas as idades se reúnem.

Eis o registro de hoje, Dia de Natal de 2011.

Embora não goste muito de Natal por causa do apelo comercial que ele encerra,  reunião de família, procuro não perder.

Sempre há uma piada nova.

Maura Soares, 25 de dezembro de 2011

Esta época é propícia parasair poemas deste jeito.


POEMA DA TARDE



Debruço-me na amurada

sem me importar com a chuva

vento frio cadeira molhada

Meus lábios absorvem os pingos

que incessantemente caem.

Sorvo a água gelada

chuva ácida? poluída?

Nada me importa

só a saudade.

Um homem quebra o guarda-chuva

pragueja larga-o no chão

sem se importar  em colocar na lixeira.

Caminha apressado

levantando a gola do paletó.

Mais adiante mulher cheia de compras

com pequena sombrinha

caminha lentamente segurando embrulhos

para que não caiam.

Um carro passa e a molha.

Impropérios saem de sua boca

marcada de batom carmesim.

Atravessa a rua

e desaparece de minha observação.

O telefone toca

é ele a pedir desculpas.

As gotas agora escorrem

dos meus cabelos

embaçando a visão

felicidade?

Choro de saudade

ou os pingos da chuva?

Enfim...

Maura Soares, 25 dezembro 2011, 13.25h-verão

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

A página de hoje, 16.12.2011 é dedicada a Sara Regina e Neusa Helena, por ambas me recordarem de Pablo Neruda.

Azulejo representando o Sol que está estampado na casa de Pablo, em Santiago, Chile
Presente recebido de Sara Regina Poyares dos Reis
(brigaduuuu, Sara!!)

LA CHASCONA



“La Chascona”  é a casa de Pablo Neruda, no Chile. Creio que todos sabem que Pablo é o patrono do meu blog.  Não foi um homem bonito, mas inteligente e grande amante. Com  certeza sabia falar ao pé do ouvido, sabia como acarinhar uma  mulher. Imagino-o declamando um de seus poemas no ouvido da amada Matilde.

Quantos homens feios são casados com mulheres bonitas e muitos nem tem tanto dinheiro assim (puro preconceito quando as pessoas vêem uma mulher bonita com um homem feio), mas sabem todos os caminhos pra conseguir da mulher um bom sexo.

Pablo em seu livro Cem Sonetos de Amor, que transcrevo, dizia em versos todo o seu amor.

Soneto XXII

Quantas vezes, amor, te amei sem ver-te e talvez sem lembrança,

sem reconhecer teu olhar, sem fitar-te, centaura,

em regiões contrárias, num meio-dia queimante;

era só o aroma dos cereais que amo.



Talvez te vi, te supus ao passar levantando uma taça

em Angola, à luz da lua de junho,

ou eras tu a cintura daquela guitarra

que toquei nas trevas e ressoou como o mar desmedido.



Te amei sem que eu o soubesse, e busquei tua memória.

Nas casas vazias entrei com lanterna a roubar teu retrato.

Mas eu já não sabia como eras. De repente



enquanto ias comigo te toquei e se deteve minha vida:

diante de meus olhos estavas, regendo-me, e reinas,

Como fogueira nos bosques o fogo é teu reino.



Pois bem, hoje ganhei de minha amiga Sara Regina Poyares dos Reis, um azulejo com o sol que está estampado em uma janela de “La Chascona”, Santiago, Chile, que tive a felicidade de conhecer em 2008, graças a minha amada irmã Neusa Helena, que hoje, 16 de dezembro, completa três anos de saudade.

À Neusa Helena e à Sara que me proporcionaram a alegria de lembrar este amante de todas as mulheres, Pablo Neruda, o meu agradecimento.

Maura Soares, aos 16 de dezembro de 2011.

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

O NOVO MURO DE BERLIM

O NOVO MURO DE BERLIM

Nem precisam ir à Europa para ver.
Se o turista quiser visitar esta paisagem...
 

Praia das Palmeiras, continente de Florianópolis

...vai ter que atravessar o Novo Muro de Berlim que,após muita matéria na imprensa, resolveram abrir uma passagem.Observem a foto seguinte.
Aviso que agora há um policial fazendo a ronda, logo, não se assanhe em querer fumar um baseado na praia.
Ah, além da paisagem maravilhosa,o turista verá bancos que com um pouco de esforço poderá ler as poesias em meio a sujeira, uma "craca" ,como diz o Mané, de quase 10 anos.
Também não poderá sentar-se sob pena de o banco se deteriorar pelo peso da pessoa por causa da ferrugem.
Igualmente terá que pular amarelinha entre as tábuas que faltam no deck.
A comunidade das Praias das Palmeiras e Bom Abrigo, de casas de "alto padrão"(?) resolveu colocar o muro para chamar a atenção (?!) da segurança que é (era) precária na região e teve o aval da autoridade municipal para isso após apresentar um abaixo-assinado provando que na região havia muito assalto, usuários de drogas (onde não tem em Floripa, nestes últimos tempos?)
Desde 1969, quando nossa familia saiu do centro da Ilha para morar no continente (finalmente, a casa própria!), nas minhas caminhadas pelas manhãs, revisito as praias da minha juventude e o descaso nestes últimos anos é impressionante.
Quanto aos bancos com poesia, ideia minha com Projeto do Grupo de Poetas Livres, deixa pra lá, faz parte do passado.
Mataram novamente os nossos poetas que, assim, morrem de vez, pois não serão mais lembrados.
Pena!
Aviso aos navegantes - venham pra cá se quiserem se decepcionar.
Como eu! 
Maura Soares, aos 5 de dezembro de 2011



sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Para muitos, esta época é muito boa: mesa farta,presentes caros...outros, amargam as suas desventuras. Não gosto do Natal, pois a veia do povo fica exposta a sangrar e o apelo dos amigos pra ajudar a mitigar os sofrimentos, já que o Poder Público pouco faz e, quando faz,chama a imprensa para mostrar. Assim, com a minha caixa de mensagens atoladas de coisas piegas sobre o Natal, que muitas nem leio, desculpem, saiu este "indignado" poema.


NÃO ME VENHAS COM NATAL



Não me venhas  com Natal

Se durante  o ano não me atendeste

Deixaste-me na fila do Posto

Jogado no leito do hospital

 Sem remédio, sem carinho

Um trapo, afinal



Não me venhas  com Natal

Pois sequer um abraço me deste

Ignoraste meu sofrimento

Passei mal, nem soubeste



Não me venhas com Natal

Dando-me agora presentinhos

O que eu sempre quis foram carinhos

Que esqueceste, mas não faz mal



Não me venhas com Natal

Não tenho mais casa, minha mulher foi embora

Levou filhos, levou tudo, sem demora

Levou minha dignidade, ficou a eterna saudade



Não me venhas com Natal

Abandonado, fiquei a chorar

Com muitas lágrimas a rolar

Onde ficou o meu Natal?



Ficou na mesa opulenta

Com as belas vestimentas

Eu aqui só trapos, tristeza, solidão

Então, não me venhas com Natal, Não!!

Maura Soares, aos 2 de dezembro de 2011, 17.40h, horário deverão