segunda-feira, 28 de março de 2011

A DAMA DO ARMAÇÃO
- Um pequeno ensaio sobre Zeula Soares, no dia do seu aniversário –

            30 de março marca o aniversário desta ariana de boa cepa, Zeula Soares.
            Minha talentosa irmã tem ao seu redor, neste dia, o carinho de toda a família.
            Sempre a vi rodeada de livros. Seu jeito de fazer poesia é único, tanto que a Oração do Poeta de sua autoria, foi oficializada  através de Portaria do Grupo de Poetas Livres,(do qual participa), como Oração Oficial e é invocada em todas as reuniões administrativas.
            Atriz de teatro, excursionou também pelo cinema em curtas-metragens e em comerciais para TV.
            No teatro ela granjeou diversos prêmios. O produtor Valdir Dutra instituiu o Troféu Bastidores, evento do qual fiz durante 15 anos, de 1978 a 1992, o cerimonial tendo por local o Teatro Álvaro de Carvalho, que premiava os melhores do teatro em Florianópolis. Somente em um ano foi no acanhado auditório da Biblioteca Pública do Estado, devido a reformas no TAC.
            Segunda na linha dos 10 filhos de João Auta Soares e Odete Machado Soares, desde cedo Zeula revelou-se com  pendores artísticos: sabe desenhar, até sua letra na escrita é uniforme. Em tudo ela coloca sua arte. Se eu quisesse que um pacote de presentes ficasse bonito, a ela entregava e o resultado era e é maravilhoso.
            No Natal sua casa ganha belos enfeites, num conjunto harmonioso.
            Suas sobrinhas Sofia e Elisa e o sobrinho Paulo Henrique herdaram da tia Zeula o dom para o desenho. Casquinhas de ovos na Páscoa eram cuidadosamente pintados por ela, esmerando-se em coelhinhos, patinhos e outros pequenos animais, dando vontade de descobrir o que cada ovinho continha.
            Já tem sua descendente no teatro:  a sobrinha Marina que é graduanda em Artes Cênicas. Breve teremos mais uma atriz na família.
            Se a incentivarem ela também canta com sua voz de contralto. Tem em Julio Iglesias, seu ídolo e, no Brasil, sempre foi apreciadora de Roberto Carlos (com Erasmo, claro).
            Além de tudo isto, ainda foi uma das “mães” para o meu filho, fato que só posso dizer “obrigada, mana!”
            Não posso deixar de, nesta homenagem contar  um pouco do currículo artístico desta minha irmã. Pra não ficar na rasgação de seda, apresento detalhes de sua biografia.
            Zeula é formada em Filosofia e Serviço Social,  mas foi no teatro que ela ganhou notoriedade.     
            Quando estudava na Faculdade de Filosofia uniu-se ao TUSC-Teatro Universitário Catarinense e participou da peça “O macaco da vizinha”, de  Joaquim Manoel de Macedo, sob a direção de Odilia Carreirão Ortiga. Sempre procurei assistir seus trabalhos. Daí em diante, não mais parou com suas atuações; para muitos, amadora, mas que ela sempre a encarou com profissionalismo.
            Sob a batuta de bons diretores, Oraci Gemba, Jason Cesar, Antonio Cunha, Odilia Carreirão Ortiga, Paulo Roberto Rocha, Waldir Brazil..... Zeula desempenhou ótimos papéis.
            Entre os anos 64 e 68, Zeula com os atores Édio Nunes, Ademir Rosa, Ney Luiz Gonçalves, Fernando Pereira, Edelmira Rodrigues, Fernando Luiz Andrade, participaram, pelo SESC, de “O genro de muitas sogras”, de Aluizio Azevedo.
            Depois, ainda pelo SESC, temos no seu curriculo “O santo e a porca”, de Ariano Suassuna; Inconfidência Mineira – teatro poesia extraído de Romanceiro da Inconfidência, de Cecilia Meireles e, no centenário de Martins Pena, uma colagem de seus textos levados à cena na Sociedade Oratória Estreitense, no bairro Estreito. Nestes dois últimos, tive participação também como atriz. 
            Com os alunos internos do Colégio Catarinense eu também participei, fazendo o papel de Nossa Senhora, na peça “O auto da Compadecida”, sob direção de Odilia Carreirão Ortiga.
            Parêntesis: a partir daqui saí de cena, como Greta Garbo, não tem?
            Em 1969, agora pelo SESI, também com  Odilia na direção, “O Santo Inquérito”, de Dias Gomes, atuou e a peça participou do Festival de Teatro na Fazenda Arcozelo, de Paschoal Carlos Magno.
            O teatro em Florianópolis ressurge com a fundação de grupos, nos anos 70, devidamente formados com diretoria, estatuto e elenco.
            Como este simples ensaio que faço para homenagear minha irmã, só posso falar do Armação, pois participei dele.
            O Grupo  foi fundado em 1975 por Édio Nunes, Zeula Soares, Ademir Rosa, José Carlos Ramos, dentre outros. Pertenci ao Armação durante 13 anos, nos bastidores, enviando matérias para os jornais a respeito das peças, mantendo correspondências em dia, na contra-regra, essas coisas.
            Em 1974-75, já oficializado como Grupo Armação, cito “Está lá fora um inspetor”, de J. B. Priestley, sucesso levado à cena no Teatro Álvaro de Carvalho.
            Utilizo, como fonte de dados,  um artigo que fiz para um Congresso do Instituto Histórico e Geográfico de Santa Catarina, intitulado “O teatro em Florianópolis a partir dos anos 70”, em que fiz um resumo dos grupos teatrais da capital, porém me ative apenas a citar as peças apresentadas pelo Armação dos anos 70 a 2002.
            Obtive ajuda de Édio Nunes para citar as peças em que Zeula participou: “Caminho de volta”, de Consuelo de Castro; “Um grito parado no ar”, de Guarnieri (melhor atriz,78); “Eles não usam Black-tie”, de Guarnieri (melhor atriz,79); “A Resistência”, de Maria Adelaide Amaral(melhor atriz,81); “Oração para um pé-de-chinelo”(2 montagens distintas em 80 e 81); “Zumbi”, de Guarnieri(melhor atriz,82); “Folias do coração”, de Geraldo Carneiro; “Gota d´água”,de Paulo Pontes e Chico Buarque(melhor atriz,85); “O Inspetor Geral, de Nicolai Gogol; “Ária da Capo”, de Edna Saint Vincent Milley(leitura dramática);“Os órfãos de Jânio”,de Millôr Fernandes(88-89-90); “Quem casa quer casa”, de Martins Pena(melhor atriz,90); “PT-11 anos”, de Chico Veríssimo; “Última Instância”, de Carlos Queiroz Telles; “Flores de Inverno”, de Antônio Cunha(92); “As quatro estações”, de Antônio Cunha; “Sorrisos meio sacanas”, crônicas de Sérgio da Costa Ramos, com adaptação teatral de Chico Veríssimo(2001); “Contestado, a Guerra do Dragão de Fogo Contra o Exército Encantado”, de Antônio Cunha; “Sonho de uma noite de velório”, de Odir Ramos da Costa.
            Cito também peças do Armação que estão também no artigo que publiquei na Revista do IHGSC (n.16, 3ª.fase,1997), em que trato do Troféu Bastidores(citado).  Tive o prazer de ver minha irmã subir ao palco do TAC muitas vezes para receber seu troféu.
            Zeula recebeu, portanto, o Troféu Bastidores nos anos 78, 79, 81, 82, 85, 90 e mais recentemente, em 2009, o Troféu em sua homenagem no Festival Floripa de Teatro Isnard Azevedo, evento promovido pela Fundação Franklin Cascaes.
            Também recebeu pela Câmara Municipal em conjunto com a citada Fundação, um troféu pelo seu trabalho no teatro catarinense, evento idealizado e organizado por Ney Luiz Gonçalves.
            Assim, o Armação montou, sem citar a ordem cronológica: “Clitemnestra Vive”; “Papa Highirte”; “Tchekov”; “O dia do javali”; e muitos outros trabalhos citados com a participação da nossa atriz ao longo desses mais de 40 anos de luta em prol das artes cênicas em Florianópolis.
            Além de atriz, Zeula foi Presidente do Grupo Armação e também excursionou pela direção com texto de sua autoria “Cala a boca já morreu”, peça infantil baseada em livro de Ruth Rocha, “O reizinho mandão”.
            Dirigiu com Rogério Hildebrand “Natal de portas abertas”, autor desconhecido.
            Atriz, diretora, talentosa para o desenho e, também, poetisa e contista.
            Pertence ao Grupo de Poetas Livres e ali dirigiu “Balada dos Já-com-terra”, poema de Júlio de Queiroz e “Poesia, Luz & Som”(criação coletiva), “A utilidade da utopia”, 1ª. fase, com poetas do Grupo e atores convidados.
            Quando atuávamos – eu e ela – na Associação de Amigos da Biblioteca Barreiros Filho, Zeula dirigiu “Arte em quatro momentos”; “Arte e folclore”; “Natureza mulher”; “João, o Poeta da Dor (e do Amor)”, poesia e prosa de Cruz e Sousa(esta apresentada em sessão solene no Instituto Histórico e Geográfico de Santa Catarina, por ocasião do centenário de nascimento do poeta; e “No balanço do mar”.
            Como diretora foi premiada no Festival de Teatro Relâmpago do Café Matisse.
            Ilustro esta digressão com um poema de Zeula publicado nas Revistas Ventos do Sul, do Grupo de Poetas Livres n. 11(abril-junho de 2001) e n.33(julho-dezembro de 2009—nesta RVS na homenagem que fiz “A família da dama do teatro”).
            PALCO
            Emoções exaltam-se
            no peito.
            Personagens
            tomam forma,
            criam vida.
            No palco, a ilusão vivida
            é verdade contida
            dentro do ser atriz.
            Sonhos misturam-se
            com a realidade,
            sentimentos fortalecem
            a “verdade-mentira”
            no palco interpretada.
            Há muita sinceridade
            em cada fantasia criada.
            Universo de vidas
            expostas em
            histórias sem par.
            Emoções à tona,
            cortinas abertas,
            luzes acesas,
            eis-me no palco.
            Sou uma atriz.
            Zeula Soares


            Encomendei ao meu filho, João Guilherme, que escrevesse algo para ela em homenagem ao seu aniversário, e o resultado coloco a seguir.

Quimera
        À Tia ZEULA

lá estava ela naquela imensa
escuridão lancinante,
pronta para atacar a presa.
eu, e todo o resto completamente
inertes à sua presença
espectral.
uma segunda espinha dorsal,
era o que ela precisava pois não
tinha como tantas bestas,
habitarem apenas um corpo.
do breu, ela rugiu e esquecemos
da vida, do sol, do mar, de tudo
que é triste.
suas palavras flutuavam no ar
como um veneno doce e nos
contagiava.
e quando sua presença não era mais
necessária,
as cortinas baixavam e
aplaudíamos como se não
houvesse amanhã.
(João Guilherme Machado Soares, Curitiba, PR, aos 28 de março de 2011)

Um beijo no coração, irmã, por tudo o que fizeste e ainda fazes pelo teatro, pois é em tua casa que o Armação se reúne para leituras de peças, reuniões ordinárias ou para simples bate-papo.
Obrigada pelo carinho à família, por tua preocupação com os teus, por tudo o que és.
Neste teu aniversário, recebe o meu carinho, de todos os irmãos,  sobrinhos, cunhadas e de teus amigos, atores ou não.
Maura Soares, aos 27-28 de março de 2011.
(sempre cito a hora em que termino meus textos, mas este mexi muito e nem sei mais que horas são).

           
                       
           

sábado, 26 de março de 2011

Propus-me a fazer algo sobre o número 7, num ensaio simples sobre este número, dia do meu nascimento.

            A PROPÓSITO DO NÚMERO 7

            A poetisa portuguesa Carmo Vasconcelos inspirou-me a escrever sobre o número 7, este número cabalístico que, como veremos, está presente na espécie humana desde tempos imemoriais.
            Escreveu Carmo que a mulher tem 7 foles (fôlegos) como os gatos. Como o número 7 está presente em minha vida e tendo consciência de seu poder, proponho-me agora a fazer uma digressão – não diria análise, pois esta caberia a estudiosos e sou apenas uma curiosa – e comentar o quanto este número é significativo e em que momentos ele se apresenta.
            Há muitos anos ao despertar que havia nascido sob a influência deste número mágico – digamos assim -, comecei a ver os momentos na minha vida em que ele esteve presente.
            Normalmente, a cada ano, no mês de setembro (não sei porque, mas pode ser pelo 7 no nome), acontecem coisas inusitadas em minha vida, pelo menos em duas ocasiões, mudei de emprego começando nova etapa no dia primeiro de setembro.
            Editei, em 2004, artesanalmente, um livreto intitulado “7 Dias de Julho”, pois foi num dia 7 do mês de julho que me instalei no local que sempre sonhei para mim: uma casa, ou melhor, um apartamento que fosse meu.
            Sob a influência da lua cheia, no dia 7 de julho de 2001, dormimos, eu e meu filho, a primeira noite na nova casa.
            Reparem: 7 dias, do mês 7 e num ano em que o 21, múltiplo de 7, aparece!
            O livreto apenas serviu para marcar a data.
            Dividi o sumário em “primeiro”, “segundo” e até ao “sétimo” dia e encerrei com “Epílogo”, nestes termos: “E Deus criou os Céus e a Terra / Criou o Homem à Sua semelhança / A mulher para companheira / Os animais para seu agrado / A dor como forma de redenção / Um caminho para chegar até Ele / em forma de oração”.
            Nasci no dia 7 de janeiro (7 letras) do ano 1943 (4+3=7). Então, nada mais apropriado do que comentar sobre ele, este número interessante.
            Pesquisando a obra de João Cosme Kessler Coelho e Souza, que tem 28 letras (4x7) e se assina Dr.Kessler (7 letras), fundamento esta digressão.
            Dr. Kessler em sua obra editada em 1977 (olha o sete!) intitulada “O 7 em nossa vida”, Editora Eco, demonstra que o número 7 está presente em todas as religiões, na Bíblia, no Judaismo, entre os muçulmanos, no Egito, na Grécia, no Budismo, na Teosofia, na Numerologia, na Maçonaria, na Umbanda e na Quimbanda, no corpo humano (glândulas e chacras), entre os Gurus e na Yoga, na história e na Antiguidade, nos elementos da natureza, na geografia, no folclore, nas profecias, nas trovas populares (poesia), nos períodos simples da vida humana, na literatura, enfim, ufa, até tive que ter sete fôlegos para citar alguns, não todos os itens do sumário da obra em tela.
            Assim como Rudolf Steiner que divide o período de conhecimento do homem de 7 em 7 anos, também dr.Kessler o faz em sua obra.
            Os nascidos sob a influência deste número são imaginativos, conseguem superar as agruras diárias elevando o pensamento, usando sua capacidade criadora para fugir das vicissitudes da vida.
            Os poetas conseguem ter o imaginário acentuado. Não é à toa que muitos em seus poemas e trovas ao observar um rosto bonito, logo ficam elucubrando, imaginando aquele Ser como se fosse perfeito.
            E com o passar dos anos, lá se foram os 17, os 27, os 37 (êta épocas boas), depois, ai, ai, ai, os 47, os 57, os... paro por aqui, mas sem me preocupar em dizer a idade, pois já disse o ano em que nasci e é só fazer o cálculo.
            Pois bem, as etapas da vida do ser humano estudadas por Rudolf Steiner e também por outros pedagogos dão conta que: do 0(zero) a 7 anos, é a época em que são firmadas as bases da nossa educação, o caminhar e o falar, o controle do corpo, e a nos ensinar o  relacionamento com o ambiente físico e material.
            Os pais devem ter consciência desta tão importante etapa, pois ela é a base do caráter; moldar este Ser que veio para o nosso seio e orientá-lo para as coisas boas da vida, educá-lo a ser bom para com seu semelhante; criá-lo como um Ser compreensivo; mostrar-lhe que na vida não vai vencer sempre, que tem que lidar com dificuldades...
            Há pais que deixam a criança sem medida nenhuma, crianças que desde pequenas acham que tudo podem, sapateiam, berram e os pais se deixam levar.
            Esta é uma etapa que merecia mais estudo, pois vejo coisas em todos os lugares e com pessoas até de minhas relações. Tento alertá-las, mas talvez me achem ultrapassada. Nada digo se não querem seguir meus conselhos, pois mais tarde refletirão no que eu disse. Deixo a vida rolar, pois cada qual é senhor de sua própria história. Educar crianças sem medida, fazendo-lhes “todas” as vontades, por certo, mais tarde, arrepender-se-ão. Como dizia nossa mãe: “Torcerá a orelha e não sairá sangue”, ou seja, “não vai adiantar nada se arrepender depois”.
            Para que o texto não se torne enfadonho vou direcioná-lo para a poesia. Poderia também mencionar detalhes sobre crônica, conto, romance, mas ficarei com a poesia e como os poetas revelam o número 7 em suas criações. São inúmeras e este espaço abrigará ínfimos fragmentos tanto de autores portugueses quanto brasileiros e também do folclore da Ilha de Santa Catarina.
            Na trova a seguir, há variações. Cito o que a obra diz, numa cantiga de roda em cidades do interior do Brasil:

“Dois vezes sete são quatorze,
Três vezes sete, vinte e um!
Tenho sete namorados,
Só faço conta de um!”
(ou, como conheci: “tenho sete namorados, só posso casar com um”)

            As trovas ao longo do tempo são modificadas, não me perguntem o porquê. Só sei que nas brincadeiras de roda, quando menina, muitas citadas em obras de literatura, e sobre cada região brasileira, são cantadas de forma variada, quem sabe pela sua tradição oral, fato que só pode ser enfatizado por pesquisadores. Sou leiga no assunto.
            Trindade Coelho, em Portugal, coligiu uma centena de trovas e cantares que aludem ao número sete.
“Mariana diz que tem
Sete saias de balão;
Que lhas deu um caixeirinho
Da gaveta do patrão.”

“Eu casei-me c´uma velha
Que até usava touca;
Era caneja das pernas,
Com sete palmos de boca.”

“Escrevi-te sete cartas
Com letra miúda e grave.
Para que os nossos intentos
Se aviem com brevidade.”

“Abana, casaca, abana.
Abana, não tenhas dó;
Sete casacas eu tenho
Em casa de minha avó.”

            O folclore da Ilha de Santa Catarina dá conta que em casa de família com 7 filhas, a primogênita tem que batizar a caçula, senão esta vira bruxa. Igualmente, em casa com 7 filhos, o caçula vira lobisomem. Vá entender!!
            Nas benzeduras, a de erisipela (“Pedro Paulo foi a Roma...”, não tem?) que minha mãe rezava e aprendi, no primeiro dia repete-se 3 vezes; no segundo dia repete-se 5 vezes; no terceiro dia repete-se 7 vezes e no quarto dia repete-se 9 vezes. Pronto. Se não melhorar, repetem-se os dias e o número de rezas. Se minha mãe estava certa e ou se aprendeu de alguém assim, não sei. Esclareçam-me.
            Observem: 4 dias benzendo. O número 4 é o número da determinação. Mas isto já é outra história, assim como meu filho ter nascido dia 27, que soma nove. Ui,ui,ui, se começar, não paro mais.
            Encerro por aqui fazendo trovas de pé quebrado e mais quadradas impossível, que fiz em 13 de março de 2011:

Sete vezes me enganaste.
Como um gato no meu colo pulaste.
Sete unhas em minha pele cravaste.
Meu leite todo bebeste
e sequer te lambuzaste.
(ms./)(esta ficou horrível!rsrsrs)

Setenta vezes sete te perdoei
como Cristo ensinou.
Muitas mentiras contaste;
o pranto em meu rosto rolou.(ms./)

O amor vence barreiras
Sete colinas pisei
Encontrei um novo amor
E por ele me apaixonei.(ms./ui,ui,ui)

            Pois é, há muita coisa sobre o número sete. Quem tiver quadrinhas ou poemas, me envie hoje ou daqui a 7 dias. E, pelo amor de Deus, não riam das minhas!

            Maura Soares, só hoje(26.3.11) digitado.
            Escrito em 13 de março de 2011.



quinta-feira, 24 de março de 2011

PROJETO VIAJANDO COM POESIA

O Pojeto Viajando com Poesia, do Grupo de Poetas Livres, consiste em publicação de poemas em cartazes-adesivos que são afixados nos coletivos de Florianópolis. A Edição número 26/2011, conta novamente com o apoio da RIC RECORD e JORNAL NOTICIAS DO DIA. A Prefeitura Municipal de Florianópolis, através de sua Secretaria Municipal e Transportes e Terminais autorizou desde a primeira edição, em 1998, quando da fundação do Grupo, a divulgação dos poemas.
Este Projeto para a Prefeitura não é novidade, pois dois outros anteriores já circularam pelos coletivos: Poesia de Passagem e Dê carona a Cruz e Sousa, mas foram projetos de pouca duração.
Este Projeto, sugestão de Adriana Cruz, fundadora do Grupo, teve apoio imediato da Prefeitura pois não há custo algum aos cofres públicos.
O Grupo contou com apoio desde seu primeiro número e ultimamente a RIC RECORD e o JORNAL NOTICIAS DO DIA, dá todo o suporte com a arte produzida pelo Departamento de Marketing da RIC.
Procurei escanear o adesivo com o meu poema que saiu na edição n.26 e também publico uma foto com membros do Grupo.

segunda-feira, 21 de março de 2011

HOMENAGEM À POETISA CECILIA MEIRELES

         CECÍLIA, A PREFERIDA

            Caderno de Notas, poemas, pensamentos, autores consagrados, outros desconhecidos à época, mas que me tocaram.
            Anos 70 – ainda guardo ali os poemas piegas que escrevi para extravasar a timidez que me habitava e, da qual me livrei só um pouco.
            Thiago de Mello, Geir Campos, Manuel Bandeira, Pablo Neruda (ah, este Pablo já me enlouquecia!), Charlotte Brontë, Paulo Mendes Campos, Tarcisio Marchiori, Walmir Ayala...
            Inicio o caderno com Thiago de Mello, “Quero dizer teu nome, Liberdade, quero aprender teu nome novamente para que sejas sempre em meu amor e te confundas ao meu próprio nome. Deixa eu dizer teu nome, Liberdade, irmã do povo, noiva dos rebeldes, companheira dos homens. Liberdade, teu nome em minha pátria é uma palavra que amanhece de luto nas paredes. Deixa eu cantar teu nome, Liberdade, que estou cantando em nome do meu povo”.
            Apropriado texto para a abertura do caderno que iria acolher tantos sentimentos e, no decorrer do tempo, o espaço para registro dos meus tímidos poemas.
            Vivíamos os anos da ditadura militar  brasileira e os autores que falassem em liberdade não eram bem quistos, como nunca foram os poetas que resolviam denunciar as atrocidades impingidas ao seu povo e o faziam em foema poesia.
            E Cecília? Ah, Cecilia Meireles, minha preferida!(foto)
            Ela comparece em algumas páginas do Caderno de Notas.
            Por ela nutro até hoje um quê de cumplicidade. Até hoje, se estou à janela à noite a admirar a lua ou, simplesmente, a observar o movimento na avenida e sentir a brisa, é o seu canto que lembro:
            “Antes do teu olhar, não era,
            nem será depois – primavera.
            Pois vivemos do que perdura,
            não do que fomos.”
            (5º.Motivo da Rosa)

            “Quero fazer da vida
            uma canção de otimismo,
            dos que se cantam
            de mãos dadas.”
            (Poema da Vida)

            “Alta noite, lua quieta,
            muros frios, praia rasa.
            Andar, andar, que um poeta
            não necessita de casa”.
            (Canção da alta noite)

            “Ando à procura do espaço
            para o desenho da vida.
            Em números me embaraço
            e perco sempre a medida.”
            (Canção excêntrica)

            “Eu canto porque o instante existe
            e a minha vida está completa
            Não sou alegre nem sou triste:
            sou poeta”.
            (Motivo)

            Seu “Romanceiro da Inconfidência” serviu de roteiro para a peça dirigida por Odilia Carreirão Ortiga, encenada no SESC pelo Grupo dos 20, daquela instituição.       Pertenci ao Grupo e fui uma das personagens cuja peça recebeu o titulo de “Arena conta Tiradentes”.
            “Atrás de portas fechadas
            à luz de velas acesas
            entre sigilo e espionagem
            acontece a Inconfidência”.
            (cit. pág.197 em diante, publicada na obra Flor de Poemas)
            A Revista Cult dedica um dossiê sobre Cecília por ocasião das comemorações do centenário de seu nascimento dessa doce e sofrida mulher.
            Cecília nasceu em 07 de novembro de 1901 e faleceu em 09 de novembro de 1964 (observem, mesmo mês de nascimento e morte!).
            Deixou um acervo de 30 livros, 10 dos quais, póstumos. Conferências sobre literatura e arte, pronunciadas no Brasil e no exterior, fazem parte de seu acervo, além de inúmeras cartas a escritores e artistas brasileiros e estrangeiros; 5 peças de teatro que escreveu na década de 40 e mais as traduções de autores ocidentais e orientais, contos de Tchekov, Tagore, poetas hebraicos e israelenses. Mais, muito mais o dossiê citado, escrito por Leila V. B. Gouvêa, apresenta.
            Não daria neste espaço em que homenageio aquela que me influenciou com seus poemas, discorrer sobre tudo o que ela fez.
            Cecília publicou suas crônicas no Jornal Folha de São Paulo de 1920 a 1964, antes de seu falecimento, num total de 2.500.
            Publicou seu 1º. Livro aos 18 anos, em 1914, “Espectros”, esta obra consta como desaparecida.
            Nasceu no bairro do Estácio, zona marginal do centro do Rio de Janeiro.
            Sua vida foi marcada pelas perdas profundas desde a infância com a falta do pai e da mãe, tendo sido criada pela avó Maria Jacinta Benevides, açoriana, personagem recorrente em sua obra.
            No início da década de 1920 casa-se com o ilustrador português Fernando Correia Dias e com ele teve 3 filhas, 3 Marias: Maria Elvira, Maria Mathilde e Maria Fernanda.
            Sua avó falece em 34 e seu marido comete suicídio em 35, no dia 19 de novembro (de novo, novembro), em casa, enquanto as filhas se preparavam para os festejos do Dia da Bandeira.
            Assim diz Cecília sobre o suicídio de seu companheiro:
            “Há muitas mortes por detrás dessa morte. E não foi apenas um suicídio: foi também um assassinato. Posso eu viver muito tempo; pode minha existência tomar os mais inesperados rumos – mas essa noção da inutilidade humana; esta indiferença pela esperança, este desapego da lógica farão de mim cada vez mais uma criatura sem raízes na terra, prescindindo de tudo e à mercê dos casos que a queiram transportar”.
            Este texto consta de carta ao amigo português, poeta Diogo de Macedo.
            Estes dois episódios de perda marcaram profundamente sua vida. A partir daí dedica-se a uma outra Cecília, aquela que mergulha na poesia e na educação, nos seus escritos, nas suas conferências.
            Em 1940 casa-se com Heitor Grillo, torna-se editora da revista Travel in Brazil, uma publicação do governo do Estado Novo, tempo de Getulio Vargas.
            Viaja aos Estados Unidos, India e descreve estas viagens em diários.
            Durante a década de 60 já com o câncer a corroer seu físico, dedicou crônicas às curas, à medicina e às enfermeiras que cuidaram dela.
            Sua imagem de olhos profundos, seus escritos, seu legado de poetisa, artigos acadêmicos, cartas, ainda precisam de um estudo mais apurado. Há muita coisa ainda a revelar.
            Cito apenas os tópicos da vida de Cecilia Meireles, neste espaço, só para registrar minha admiração por esta mulher extraordinária que sublimou suas dores e as transformou em Poesia.    
             Maura Soares, aos 22 de março de 2011.
            (Fonte de apoio: Revista Cult, n.51, Ano V, outubro de 2001, pág.41 e seguintes)


domingo, 20 de março de 2011

Mais um amigo que se incorpora ao blog. Vivaldo Terres, nascido em Biguaçu,SC, reside em Itajai e participa de Grupo Literário. Sê, tu, bem-vindo, caro Terres.


FOGES DE MIM
         
Onde estás, oh, mulher, que eu tanto amo?
Esta pergunta é que faço a todo mundo;
por que foges de mim se és linda e santa?
Ou queres, quem sabe, que eu me torne um vagabundo?
 
Se o amor é uma dádiva divina
 com que fui agraciado neste mundo,
por que não te dares por inteiro,
se na vida não consigo
esquecer-te nem por um segundo?
 
Quando a noite chega com o céu
cravejado de estrelas e luar,
parece querer estourar de tanta felicidade.
 
Nesta hora eu me sinto triste
e infeliz lembrando-me de ti,
com o peito e o coração repletos de saudade.
 
Vivaldo Terres

sábado, 19 de março de 2011

Ainda não havia postado texto sobre o acidente sofrido em 2009. Ei-lo e as fotos daqueles que cuidaram de mim, em Blumenau.

NADA É POR ACASO---UM ACIDENTE NO PERCURSO

            Tinha o Destino que me entregar nas mãos de pessoas competentes e com e através delas, iniciar uma amizade.
            Assim foi. O dia 28 de janeiro de 2009, dia em que estava com três compromissos... fui a um agendado e ao outro, inesperado, que o Destino me reservou: o leito de um hospital.
            Perto de minha casa --- o atropelamento, que está já sumindo da minha memória, mas o tenho presente nas páginas do livreto que publiquei artesanalmente intitulado “Reveses da vida – Diário de uma dor”.
            O que me leva a citar neste espaço é a oportunidade que a Vida nos dá em conhecer novas pessoas e locais diferentes, sem que a gente se dê conta.
            A fim de que eu pudesse melhorar do problema na minha perna, fui transferida para Blumenau e no Hospital Santa Catarina, conheci a doutora, minha xará, Maura Milano Cucco (foto); o cirurgião Edson Lersch e no tratamento intensivo de hiperox, as criaturas maravilhosas Janaina, Sampaio, Bruno e Ingomar.
            O que é hiperox ou Oxigenoterapia Hiperbárica... “é um procedimento terapêutico, que consiste em respirar oxigênio puro em um ambiente com pressão superior à atmosfera. A utilização de ar pressurizado para fins terapêuticos data do século XVI e o uso medicinal do oxigênio foi relatado pela primeira vez em 1794” (de acordo com o folder). (Em inglês é Seaway Diver, - a câmara hiperbárica--- pois o procedimento se assemelha à descida de um submarino).
            Pois bem, no Hospital Santa Catarina, de Blumenau, onde fiquei a partir da 3ª.feira de carnaval de 2009 a abril do mesmo ano, fiz 39 sessões de hiperox e esse período ajudou na cicatrização da minha perna (foram 4 cirurgias, uma por ocasião do acidente, no Hospital de Caridade, em Florianópolis, e 3 em Blumenau, quando os procedimentos foram feitos para fechar o grande corte).
            Este preâmbulo é para ilustrar que eu precisava passar por isso, pois creio que nunca encontraria essas pessoas que cuidaram de mim se não fosse dessa forma.
            Encontrei na hiperox (fotos) além dos já citados, também o Dr. Roque Marcio G. Angerami e o Dr. Sérgio Adam Mendonça.
            Sempre que se apresenta a oportunidade de uma viagem a Blumenau, por mais rápida que seja, dou um jeito e lá compareço para abraçar meus novos amigos que me deram tanto carinho e não só a mim, mas a todos os pacientes necessitados do tratamento.
            Vi coisas piores do que a minha situação, nem queiram imaginar.
            Senti o meu problema – apesar de muita dor sentida desde o acidente – ser bem menor do que as 5 pessoas que entravam comigo no aparelho, na esperança da cura.
            Sou uma pessoa abençoada, pois com apenas 39 sessões a minha perna melhorou consideravelmente. Soube de pessoas que fizeram mais de 100 sessões!
            O que me sucedeu depois de abril de 2009, conto no livreto, não vale a pena mexer mais nisso.
            Fiquei fora das minhas atividades literárias de janeiro a agosto de 2009. Sinceramente, não vi o ano passar. De repente, a data do acidente completou um ano; agora quando relato: dois anos. O tempo, Senhor da Razão, passa e não nos apercebemos.
            O que antes eu não fazia, faço agora. Caminho todos os dias com a alegria no meu coração, agradecendo a Deus pelos novos amigos, pelo meu filho que cuidou de mim como uma babá, pelos meus irmãos, pelas minhas primas, pelas sobrinhas que se revezavam no hospital e rogo que todos sejam felizes, e para aqueles que abraçaram esta nobre profissão na medicina, na enfermagem e lidam com as mazelas humanas, que a Vida sorria para todos.
            Esse sofrimento passou para a minha história pessoal.
            A história é feita de momentos e os momentos atuais se revelam agora, para mim, muito mais risonhos.
            Assim seja!
            Maura Soares
            Aos 18 de março de 2011, 20.30h