“CARNE VALE” *
Carmo Vasconcelos
Me enlaçaste, demónio mascarado,
Na rubra pantomina, exuberante,
E eu de anjinha, no traje alvo, enluarado,
Segui-te numa dança fascinante.
Inventámos um louco carnaval,
Em data desfasada, ambos sem tento,
Que, tal cometa em viagem orbital,
Teve a breve medida de um momento.
Em fogueira de penas nos deitámos,
Traje posto, ajustada a mascarilha,
E cegos de porvires nos queimámos
Nesse lume atiçado de armadilha.
Hoje, extinta a paixão de carnaval,
Semelhante a comédia do burlesco,
Dançam as cinzas um negro ritual,
Em memória do rubro amor dantesco!
***
“Carne Vale” ou “Adeus à Carne”– origem etimológica da palavra “Carnaval” – Séc.XI
Lisboa/Portugal
24/Janº/2010
Carnaval
António Barroso (Tiago)
Nos carnavais da vida, que eu vivi,
andei rindo, bailando, em todo o lado,
com o coração sempre apaixonado,
por amor, tantas vezes, me perdi.
Carnaval, como podes ser tão louco,
sempre eivado de sonho e fantasia,
vivendo tantos dias num só dia,
deixando a sensação que foi tão pouco.
Fica, então, carregado o pensamento,
de tantos amores havidos, nessa hora,
novos surgiam, outros indo embora,
paixões que nascem, morrem, num momento.
O carnaval terminou, resta a história
de máscaras, confetis, de ilusões,
só resta atar, com fita, as emoções,
e guardá-las no cofre da memória.
Parede - Portugal (03-03-2011)
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