quinta-feira, 3 de março de 2011

A propósito do Carnaval, os amados, o António e a Carmo, poetas portugueses, apresentam o tema que, com satisfação, posto para todos apreciarem.


“CARNE VALE” *
Carmo Vasconcelos
  
Me enlaçaste, demónio mascarado,
Na rubra pantomina, exuberante,
E eu de anjinha, no traje alvo, enluarado,
Segui-te numa dança fascinante.

Inventámos um louco carnaval,
Em data desfasada, ambos sem tento,
Que, tal cometa em viagem orbital,
Teve a breve medida de um momento.

Em fogueira de penas nos deitámos,
Traje posto, ajustada a mascarilha,
E cegos de porvires nos queimámos
Nesse lume atiçado de armadilha.

Hoje, extinta a paixão de carnaval,
Semelhante a comédia do burlesco,
Dançam as cinzas um negro ritual,
Em memória do rubro amor dantesco!

***
“Carne Vale” ou “Adeus à Carne”– origem etimológica da palavra “Carnaval” – Séc.XI
Lisboa/Portugal
24/Janº/2010

Carnaval
António Barroso (Tiago)

Nos carnavais da vida, que eu vivi,
andei rindo, bailando, em todo o lado,
com o coração sempre apaixonado,
por amor, tantas vezes, me perdi.

Carnaval, como podes ser tão louco,
sempre eivado de sonho e fantasia,
vivendo tantos dias num só dia,
deixando a sensação que foi tão pouco. 

Fica, então, carregado o pensamento,
de tantos amores havidos, nessa hora,
novos surgiam, outros indo embora,
paixões que nascem, morrem, num momento.

O carnaval terminou, resta a história
de máscaras, confetis, de ilusões,
só resta atar, com fita, as emoções,
e guardá-las no cofre da memória.

Parede - Portugal  (03-03-2011)

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