sábado, 31 de dezembro de 2011

Nesta onda de comilanças do fim do ano (em todos os sentidos), surgiu este poema sensual e antropofágico.



ANTROPOFAGIA

E assim, chegas

e me dominas

Em ânsias,

desmaio em teus braços

Vivemos a volúpia do amor proibido

Quem se importa?

Queremos vivê-lo intensamente

como loucos,

insanos, 

débeis neste amor

que é a nossa loucura.

Como um lobo faminto

me devoras

comes minhas carnes

com teus dentes,

tua boca ávida a me sugar

e eu, inocente ou louca

me deixo ser devorada

na carne, no âmago do meu ser.

Com meus dentes também te devoro

na intenção de ter teu corpo

sempre comigo e não te deixar ir embora.

Nesta antropofagia, nos devoramos,

nos penetramos para cada qual

absorver o mais profundo

de cada um e viver imbricados

neste amor sem fim.

Maura Soares, aos 21 de dezembro de 2011, 16.55h-  verão

domingo, 25 de dezembro de 2011

Antes que termine o dia, posto a reunião da Familia Soares, dezembro de 2011.

Sempre falta um pra foto que, decerto, estava em sala próxima.
A pressa em fotografar nem deu tempo de arrumar o cenário.
Só alegria.


COISAS DO NATAL

Está mais do que provado que Natal é a Festa da Família e a nossa não foge à regra.

Harmonia, brincadeiras, umas 4 ou 9 cervejinhas, pratos deliciosos, sobremesas idem, vinho, espumante, troca de presentes, enfim, alegria geral.

Sempre há os que não podem vir para a reunião regada também com canto meio que atravessado.

Risos, muitos.

Assim passa-se uma tarde agradável, embora a chuva, a temperatura mais fria para esta época do ano, meio que deseja acabar com a alegria.

Não com os Soares.

Chuva?

Frio?

Nada impede da turma se reunir.

Irmãos, irmãs, sobrinhos, sobrinhas, sobrinhas-netas e as namoradas dos sobrinhos e filho e alguns amigos a emoldurar com a juventude numa festa em que todas as idades se reúnem.

Eis o registro de hoje, Dia de Natal de 2011.

Embora não goste muito de Natal por causa do apelo comercial que ele encerra,  reunião de família, procuro não perder.

Sempre há uma piada nova.

Maura Soares, 25 de dezembro de 2011

Esta época é propícia parasair poemas deste jeito.


POEMA DA TARDE



Debruço-me na amurada

sem me importar com a chuva

vento frio cadeira molhada

Meus lábios absorvem os pingos

que incessantemente caem.

Sorvo a água gelada

chuva ácida? poluída?

Nada me importa

só a saudade.

Um homem quebra o guarda-chuva

pragueja larga-o no chão

sem se importar  em colocar na lixeira.

Caminha apressado

levantando a gola do paletó.

Mais adiante mulher cheia de compras

com pequena sombrinha

caminha lentamente segurando embrulhos

para que não caiam.

Um carro passa e a molha.

Impropérios saem de sua boca

marcada de batom carmesim.

Atravessa a rua

e desaparece de minha observação.

O telefone toca

é ele a pedir desculpas.

As gotas agora escorrem

dos meus cabelos

embaçando a visão

felicidade?

Choro de saudade

ou os pingos da chuva?

Enfim...

Maura Soares, 25 dezembro 2011, 13.25h-verão

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

A página de hoje, 16.12.2011 é dedicada a Sara Regina e Neusa Helena, por ambas me recordarem de Pablo Neruda.

Azulejo representando o Sol que está estampado na casa de Pablo, em Santiago, Chile
Presente recebido de Sara Regina Poyares dos Reis
(brigaduuuu, Sara!!)

LA CHASCONA



“La Chascona”  é a casa de Pablo Neruda, no Chile. Creio que todos sabem que Pablo é o patrono do meu blog.  Não foi um homem bonito, mas inteligente e grande amante. Com  certeza sabia falar ao pé do ouvido, sabia como acarinhar uma  mulher. Imagino-o declamando um de seus poemas no ouvido da amada Matilde.

Quantos homens feios são casados com mulheres bonitas e muitos nem tem tanto dinheiro assim (puro preconceito quando as pessoas vêem uma mulher bonita com um homem feio), mas sabem todos os caminhos pra conseguir da mulher um bom sexo.

Pablo em seu livro Cem Sonetos de Amor, que transcrevo, dizia em versos todo o seu amor.

Soneto XXII

Quantas vezes, amor, te amei sem ver-te e talvez sem lembrança,

sem reconhecer teu olhar, sem fitar-te, centaura,

em regiões contrárias, num meio-dia queimante;

era só o aroma dos cereais que amo.



Talvez te vi, te supus ao passar levantando uma taça

em Angola, à luz da lua de junho,

ou eras tu a cintura daquela guitarra

que toquei nas trevas e ressoou como o mar desmedido.



Te amei sem que eu o soubesse, e busquei tua memória.

Nas casas vazias entrei com lanterna a roubar teu retrato.

Mas eu já não sabia como eras. De repente



enquanto ias comigo te toquei e se deteve minha vida:

diante de meus olhos estavas, regendo-me, e reinas,

Como fogueira nos bosques o fogo é teu reino.



Pois bem, hoje ganhei de minha amiga Sara Regina Poyares dos Reis, um azulejo com o sol que está estampado em uma janela de “La Chascona”, Santiago, Chile, que tive a felicidade de conhecer em 2008, graças a minha amada irmã Neusa Helena, que hoje, 16 de dezembro, completa três anos de saudade.

À Neusa Helena e à Sara que me proporcionaram a alegria de lembrar este amante de todas as mulheres, Pablo Neruda, o meu agradecimento.

Maura Soares, aos 16 de dezembro de 2011.

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

O NOVO MURO DE BERLIM

O NOVO MURO DE BERLIM

Nem precisam ir à Europa para ver.
Se o turista quiser visitar esta paisagem...
 

Praia das Palmeiras, continente de Florianópolis

...vai ter que atravessar o Novo Muro de Berlim que,após muita matéria na imprensa, resolveram abrir uma passagem.Observem a foto seguinte.
Aviso que agora há um policial fazendo a ronda, logo, não se assanhe em querer fumar um baseado na praia.
Ah, além da paisagem maravilhosa,o turista verá bancos que com um pouco de esforço poderá ler as poesias em meio a sujeira, uma "craca" ,como diz o Mané, de quase 10 anos.
Também não poderá sentar-se sob pena de o banco se deteriorar pelo peso da pessoa por causa da ferrugem.
Igualmente terá que pular amarelinha entre as tábuas que faltam no deck.
A comunidade das Praias das Palmeiras e Bom Abrigo, de casas de "alto padrão"(?) resolveu colocar o muro para chamar a atenção (?!) da segurança que é (era) precária na região e teve o aval da autoridade municipal para isso após apresentar um abaixo-assinado provando que na região havia muito assalto, usuários de drogas (onde não tem em Floripa, nestes últimos tempos?)
Desde 1969, quando nossa familia saiu do centro da Ilha para morar no continente (finalmente, a casa própria!), nas minhas caminhadas pelas manhãs, revisito as praias da minha juventude e o descaso nestes últimos anos é impressionante.
Quanto aos bancos com poesia, ideia minha com Projeto do Grupo de Poetas Livres, deixa pra lá, faz parte do passado.
Mataram novamente os nossos poetas que, assim, morrem de vez, pois não serão mais lembrados.
Pena!
Aviso aos navegantes - venham pra cá se quiserem se decepcionar.
Como eu! 
Maura Soares, aos 5 de dezembro de 2011



sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Para muitos, esta época é muito boa: mesa farta,presentes caros...outros, amargam as suas desventuras. Não gosto do Natal, pois a veia do povo fica exposta a sangrar e o apelo dos amigos pra ajudar a mitigar os sofrimentos, já que o Poder Público pouco faz e, quando faz,chama a imprensa para mostrar. Assim, com a minha caixa de mensagens atoladas de coisas piegas sobre o Natal, que muitas nem leio, desculpem, saiu este "indignado" poema.


NÃO ME VENHAS COM NATAL



Não me venhas  com Natal

Se durante  o ano não me atendeste

Deixaste-me na fila do Posto

Jogado no leito do hospital

 Sem remédio, sem carinho

Um trapo, afinal



Não me venhas  com Natal

Pois sequer um abraço me deste

Ignoraste meu sofrimento

Passei mal, nem soubeste



Não me venhas com Natal

Dando-me agora presentinhos

O que eu sempre quis foram carinhos

Que esqueceste, mas não faz mal



Não me venhas com Natal

Não tenho mais casa, minha mulher foi embora

Levou filhos, levou tudo, sem demora

Levou minha dignidade, ficou a eterna saudade



Não me venhas com Natal

Abandonado, fiquei a chorar

Com muitas lágrimas a rolar

Onde ficou o meu Natal?



Ficou na mesa opulenta

Com as belas vestimentas

Eu aqui só trapos, tristeza, solidão

Então, não me venhas com Natal, Não!!

Maura Soares, aos 2 de dezembro de 2011, 17.40h, horário deverão




terça-feira, 22 de novembro de 2011

Paixão Alvinegra--Não é de hoje o amor pelo time do Figueirense, fundado no centro da Ilha, onde meus irmãos e eu nascemos.Apreciem esta melodia que vai como presente a todos. A intenção é que a torcida anvinegra cante.Já que as festas natalinas estão chegando, um Papai Noel Alvinegro a todos.

Paulo Soares, meu irmão, odontólogo de profissão, aposentado, sempre foi apaixonado por futebol, tendo até sido o coordenador e o "faz tudo" pelo Tipso (não mais existe), time da cidade de Itajai,onde reside. Paulo,além do Figueirense, gosta também do Flamengo (agora creio que não tanto dada a notoriedade do nosso alvinegro), que chegou a colocar em um dos filhos o nome de um ex-jogador do rubro-negro:Paulo Henrique.
Então, meus queridos, assistam o video, lembrem-se até dos jogadores que não mais estão no time, mas que já contribuiram para a sua história.
É só clicar.
Aproveito a oportunidade e também dedico ao Licinho Campos,nosso querido poeta que foi jogador do Juvenil do Figueirense, falecido em 7 de outubro de 2011. Saudades do Poeta!
Apreciem.
Maura Soares
aos 22 de novembro de 2011


domingo, 13 de novembro de 2011

Neste blog, também postarei cenas de eventos aos quais minha presença tem sido exigida por força do cargo de presidente de um grupo literário.


Ivens Scherer e Maura, foto batida por Claudete

SESSÕES ACADÊMICAS

     Dias 5 e 12 de novembro de 2011, aconteceram duas sessões solenes em municípios distintos da Grande Florianópolis: Governador Celso Ramos e Antonio Carlos. Ambos municípios completaram 48 anos de emancipação política. Não comentarei as sessões pois não cabe aqui comentários, eis que não interessa a muita gente, então não gosto de melindrar ninguém com o meu palavreado.
     Gosto, sim, de citar meus amigos, aqueles que estão sempre no convívio e aqueles que se encontra nestes eventos.
     E assim foi no último sábado, dia 12 de novembro, em Antonio Carlos, cuja cerimônia foi muito organizada, enxuta, sem atropelos e lá revi o meu amigo Ivens Scherer.
     Ivens fez parte da mesa diretora dos trabalhos pela ausência do presidente da Academia de Letras de São Pedro de Alcântara.
     Pregou-me uma peça. Na sua fala citou o meu nome ---eu que estava quieta na platéia. Devo ter ficado roxa, azul, vermelha, pois tive que me levantar na frente do auditório lotado. Se é uma coisa que me deixa sem graça, é citarem o meu nome quando menos espero.
     Assim, o senhor Scherer, que ainda vou surpreendê-lo, me acarinhou publicamente. He´s the one!!
     Ei-lo na foto comigo. Ivens é uma pessoa carismática, gentil tanto com as damas quanto com os cavalheiros. Não sinto nele o tratamento cerimonial forçado como encontro em pessoas que usam a política como plataforma de ascensão social.
     Ivens, não. Ele é daquelas pessoas simples, como as que se encontra ainda em Santo Amaro, Palhoça, Biguaçu, São Pedro de Alcântara, Governador Celso Ramos, interior da Ilha de Santa Catarina, São José....enfim aquelas pessoas que ainda guardam o respeito para com o semelhante, que cumprimentam, que dão as boas vindas quando se chega em suas casas.
     Então, para justificar o meu carinho por este confrade da Academia de Letras de São Pedro de Alcântara, posto a foto que tiramos no horário do coquetel, ocasião em que se bate um papo gostoso com os amigos que se encontram.
     Um beijo no coração, caro amigo Ivens Scherer!!
     Maura Soares, aos 13 de novembro de 2011  

domingo, 6 de novembro de 2011

Dizem ser os nativos no dia 7 carregados de imaginação. Como meus poemas são 99% inspiração, aí está mais um desta manhã de domingo.

Cena de amor---imagem colhida da internet.

CONTEMPLAÇÃO



Ali ele estava

pernas esticadas sobre a espreguiçadeira

olhos fechados

braços caídos ao longo da poltrona

Dormia o sono dos justos

naquela hora da tarde

em que o sol se põe

Contemplo-o  enternecida

Observo a montanha ao longe

que emoldura o vasto campo

atrás da pequena propriedade

Quedo-me feliz a observar

cada um dos seus traços

Sua boca chama-me a atenção

Boca que a poucos momentos

me cobrira de beijos

quando de sua chegada

após a lida diária

Assim repousando

meu guerreiro mais tarde

estará pronto

para mais uma noite de amor.

Aguardo

antevendo a noite.

Maura Soares, aos 06 de novembro de 2011, 06.45h, horário de verão.

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Que se aborreçam comigo aqueles que dizem que poesia é 99% transpiração e 1% inspiração. Para mim é 1% transpiração e 99% inspiração. Que me dizem deste poema saído agora a pouco em plena tarde, hein?


DESCANSO



Já é manhã.

Ele ainda dorme.

Seu braço direito sob o travesseiro,

um ressonar suave.

Contemplo-o nesta hora matutina.

Descansa o guerreiro após a noite de amor.

O cheiro de sua pele

ainda guardo no meu corpo.

É hora de levantar para  a lida diária,

 mas quedo-me a olhá-lo,

tão dócil no seu sono reparador.

Seus olhos calmamente se abrem;

beijo-os dizendo “bom dia”.

Com a voz rouca de sono diz

“fica mais um pouco”.

Seu braço livre me alcança.

Suas pernas sobre mim,

pesam.

Como dizer “não” nessa hora?

Fico mais um pouco.

Que tudo lá fora aconteça!



Maura Soares, aos 02 de novembro de 2011,

16.55h, horário de verão

DIA DE FINADOS 2011.Na foto que estampa este blog,estão membros da familia Soares e Caldeira que já partiram.Recebi o poema abaixo do nosso primo Fernando César Gomes Machado, presidente do Instituto de Genealogia de Santa Catarina. Pesquisa a familia pelo seu lado paterno e pelo lado materno inclui a familia Soares, da qual faço parte. Em honra dos ancestrais do Fernando e dos meus ancestrais, desde Manuel da Ventura até meus pais João Auta Soares e Odete Machado Soares(na foto), falando neles, não terão a terceira morte, pois citamos seus nomes com frequência.

João Auta Soares e Odete Rodrigues Machado (Soares)
Foto de noivado, Anitápolis, 1939(arquivo pessoal)

ANCESTRALIDADE



Ouça no vento

O soluço do arbusto:

É o sopro dos antepassados.

Nossos mortos não partiram.

Estão na densa sombra.

Os mortos não estão sobre a terra.

Estão na árvore que se agita,

Na madeira que geme,

Estão na água que flui,

Na água que dorme,

Estão na cabana, na multidão;

Os mortos não morreram...

Nossos mortos não partiram:

Estão no ventre da mulher

No vagido do bebê

E no tronco que queima.

Os mortos não estão sobre a terra:

Estão no fogo que se apaga,

Nas plantas que choram,

Na rocha que geme,

Estão na casa.

Nossos mortos não morreram.



BIRAGO DIOP (POETA AFRICANO)

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Um texto colhido de William Shakespeare, para reflexão. Não há idade para aprender e, como digo sempre, aprendo com a vida todosos dias.

Praia das Palmeiras-foto Maura Soares, do deck

Aprendi...

“ Aprendi que eu não posso exigir o amor de ninguém.
Posso apenas dar boas razões para que gostem de mim e ter paciência, para que a vida faça o resto.
Aprendi que não importa o quanto certas coisas sejam importantes para mim, tem gente que não dá a mínima e eu jamais conseguirei convencê-las.
Aprendi que posso passar anos construindo uma verdade e destruí-la em apenas alguns segundos.
Que posso usar o meu charme por apenas 15 minutos, depois disso, preciso saber do que estou falando.
Eu aprendi...Que posso fazer algo em um minuto e ter que responder por isso o resto da vida.
Que por mais que se corte uma pão em fatias, esse pão continua tendo duas faces, e o mesmo vale para tudo o que cortamos em nosso caminho.
Aprendi... Que vai demorar muito para me transformar na pessoa que quero ser, e devo ter paciência.
Mas, aprendi também que posso ir além dos limites que eu próprio coloquei.
Aprendi que preciso escolher entre controlar meus pensamentos ou ser controlado por eles.
Que os heróis são pessoas que fazem o que acha
m que devem fazer naquele momento, independentemente do medo que sente.
Aprendi que perdoar exige muita prática.
Que há muita gente que gosta de mim, mas não consegue expressar isso.
Aprendi... Que nos momentos mais difíceis, a ajuda veio justamente daquela pessoa que eu achava que iria tentar piorar as coisas.
Aprendi que posso ficar furioso, tenho o direito de me irritar, mas não tenho o direito de ser cruel.
Que jamais posso dizer a uma criança que seus sonhos são impossíveis, pois seria uma tragédia para o mundo se eu conseguisse convencê-la disso.
Eu aprendi que meu melhor amigo vai me machucar de vez em quando, e que eu tenho que me acostumar com isso.
Que não é o bastante ser perdoado pelos outros, eu preciso me perdoar primeiro.
Aprendi que, não importa o quanto meu coração esteja sofrendo, o mundo não vai parar por causa disso.
Eu aprendi... Que as circunstâncias de minha infância são responsáveis pelo que eu sou, mas não pelas escolhas que eu faço quando adulto;

Aprendi que numa briga preciso escolher de que lado eu estou, mesmo quando não quero me envolver.
Que, quando duas pessoas discutem, não significa que elas se odeiem; e quando duas pessoas não discutem não significa que elas se amem.
Aprendi que por mais que eu queira proteger os meus filhos, eles vão se machucar e eu também.  Isso faz parte da vida.
Aprendi que a minha existência pode mudar para sempre, em poucas horas, por causa de gente que eu nunca vi antes.
Aprendi também que diplomas na parede não me fazem mais respeitável ou mais sábio.
Aprendi que as palavras de amor perdem o sentido, quando usadas sem critério.
E que amigos não são apenas para guardar no fundo do peito, mas para mostrar que são amigos.
Aprendi que certas pessoas vão embora da nossa vida de qualquer maneira, mesmo que desejemos retê-las para sempre.
Aprendi, afinal, que é difícil traçar uma linha entre ser gentil, não ferir as pessoas, e saber lutar pelas coisas em que acredito.”



quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Uma reflexão sobre o Tempo de cada um, nas palavras do amigo Emanuel Medeiros Vieira.

TEMPO



(E os 15 minutos de fama)



EMANUEL MEDEIROS VIEIRA



“Um homem sensato acreditará que é mais importante o que o destino lhe concedeu do que o ele lhe negou.”

                         (Baltasar Gracian)

Vivemos num tempo de enorme velocidade e de escassa concentração.

Tudo parece descartável, como as engenhocas eletrônicas que tantos amam.

Pois se você não tem uma vida interior profunda, vai buscar no “exterior” o que não consegue dentro de si.

Tem medo de sua própria interioridade.

Buscará o que não tem de si, “saindo de si mesmo”, em festas e baladas contínuas, em drogas de todas as espécies.

Não digo nada de novo? Eu sei. Parece platitude sentimental? Paciência.

É o chamado mecanismo de alienação (no conceito usado por Marx).

“Transfiro” para a vida dos outros (celebridades, cantores famosos) a minha própria vida. Renuncio a ela.

Cristo se recolheu no deserto para pensar.

Buda também.

E apesar de todo o maquinário, poucas vezes as pessoas pareceram tão solitárias e tão pouco solidárias.

É preciso começar lá de baixo.

É necessário educar nossos filhos desde cedo.

Não há milagre.  É trabalho lento, paciente, difícil. Que não cessa.

Mas as pessoas preferem os tais 15 minutos de fama.

E depois? O que resta?

As meninas querem ser  modelos, garotas do “Fantástico”, e os garotos jogadores de futebol.

É importante que nos fixemos em outro tipo de “tempo” (que fica internalizado através da memória).

Um tempo que deixe para os jovens o que Italo Calvino deixou escrito sobre essa “rapidez” deste milênio:

O tempo que importa é esse: “O tempo que flui sem outro intento que o de deixar as ideias e sentimentos se sedimentarem, amadurecerem, libertarem-se de toda a impaciência e de toda contingência efêmera.”

(Salvador, outubro de 2011)


sexta-feira, 21 de outubro de 2011

E agora,lá das terras lusitanas dos nossos antepassados, eis que surge mais uma poetisa:Leolinda Trindade, com seu soneto a emoldurar este espaço que enriquece a cada dia em que amigos se unem em prol da poesia. Apreciem e acarinhem a, agora nossa amiga, Leolinda.


Rancho Queimado- município da Grande Florianópolis.
Foto:Maura Soares


Paisagem alentejana

No Alentejo, à hora do meio dia,
O campo cheira a sol e a resina
As estevas e a palha que combina
Com o calor que geme em agonia.

Tudo parece raro e fantasia
No meio duma paisagem tão divina...
Os sobreiros a chorar a sua sina,
E as cores da natureza em harmonia!

Horizontes tocando o infinito,
Quase a perder de vista, como um grito,
Embalando os meus olhos deslumbrados...

Só eu entendo os montes e os pardais...
E o murmúrio que vem dos olivais
Traz até mim... poemas encantados

Leolinda Trindade

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

20 DE OUTUBRO 2011 - DIA DO POETA-- DIA DE HOMENAGEAR OS POETAS





DIA DO POETA

20 DE OUTUBRO DE 2011



Nada mais justo da minha parte homenagear o Patrono deste Blog – PABLO NERUDA.

Senti a emoção fluir em mim quando, em outubro de 2008, visitei, em Santiago do Chile, La Chascona, a sua casa (ou as suas casas num emaranhado de salas, armários que saem em outras salas...e os bares!)

Senti, ao visitar o ninho de amor de  Pablo e Matilde, um misto de amor e saudade. Amor,  por imaginar os dois naquela cama e saudade, pois teria que voltar para minha terra e não poder mais visitá-lo nem que fosse para observar seus retratos pelas paredes, os objetos sobre as mesas de jantar, as camas, as salas de leitura...

Meu coração, minha mente, volta e meia lá estão naquelas escadarias, naqueles aposentos, olhando tudo com vagar para retê-los na mente e no coração.

Então, com misto de amor e saudade, transcrevo, numa forma de homenageá-lo e homenagear a todos os poetas amantes do mundo inteiro, ao nosso confrade do GPL, Licinho Campos, que cantou o amor e a sensualidade, os versos de Neruda, o Padrinho.



EL ALFARERO  

TODO tu cuerpo tiene

copa o dulzura destinada a mí.



Cuando subo la mano

encuentro en cada sitio una paloma

que me buscaba, como

si te hubieran, amor, hecho de arcilla

para mis propias manos de alfarero.



Tus rodillas, tus senos,

tu cintura

faltan en mí como en el hueco

de una tierra sedienta

de la que desprendieron

una forma,

y juntos

somos completos como un solo río,

como una sola arena.



AUSENCIA

APENAS te he dejado,

vas en mí, cristalina

o temblorosa,

o inquieta, herida por mí mismo

o colmada de amor, como cuando tus ojos

se cierran sobre el don de la vida

que sin cesar te entrego.



Amor mío,

nos hemos encontrado

sedientos y nos hemos

bebida toda el agua y la sangre,

nos encontramos

con hambre

y nos mordimos

como el fuego muerde,

dejándonos heridas.



Pero espérame,

guárdame tu dulzura.

Yo te daré también

una rosa.



[ambos estão na obra “Adiós, pero contigo” (Los versos del capitán)

(exemplar adquirido na loja da La Chascona, Santiago do Chile, em 20 de outubro de 2008)


segunda-feira, 10 de outubro de 2011

            CENAS DE UM CASAMENTO



            Por mais que digam que casamento é uma instituição falida, muitos ainda acontecem, como o da Elisa, sobrinha de muitos tios e tias que passaram horas agradáveis na cerimônia ocorrida na região de Itajaí, em 8 de outubro.

            Algumas cenas separei para mostrar parte da festa. Como não coloquei no Facebook, comum a muitas pessoas e cujas fotos só interessam à família, resolvi estampar neste blog que é o  meu(ou minha) “face” particular.

            A música alegre com todos esbanjando satisfação em compartilhar com a felicidade da sobrinha e o carinho com que todos sempre somos recebidos nas reuniões familiares.

            Uma festa dos Soares, com certeza que rima com cerveja, mas com um gostoso champagne e vinho, também. Eu que o diga, muito bem servida pelo Igor, ao qual agradeço a atenção. E a comida, ulalá, nem conto!!

            Apreciem, pois, algumas das muitas fotos que bati com a minha máquina digital.