quinta-feira, 4 de julho de 2013

REFLEXÃO SOBRE ESCRITA


                           Erato - Musa da Poesia - Tela de 1870, autor Sir Edward John Poynter

MEUS VERSOS

De que adianta um poeta fazer seus versos e eles ficarem num canto qualquer de um móvel qualquer e não vir à lume?
De que adianta ficarem as folhas escritas escondidas entre outros papéis, sujeitas a serem roídas por traças?
Quem vai lê-los se o poeta não os mostrar?
Assim, durante muito tempo ficaram meus versos: escondidos, tímidos para saírem e se expor.
Tímidos, como era minha vida.
Escondidos, com medo.
Certo dia, alguém perguntou-me se eu além de escrever peças teatrais também fazia versos.Respondi que sim, mas estavam guardados num caderno.
Então, um belo dia comecei a participar do Grupo de Poetas Livres, ainda com aqueles versos meio tímidos.
Fui então participar de um programa de TV, numa Emissora a cabo,onde minha prima fazia um programa de entrevistas. Falei de todos e não falei de mim. Perguntou-me: e os teus, vais ler?
Disse-lhe que eram piegas, mas o olho da câmera me fitou e relutantemente, li um poema publicado na primeira ou segunda Antologia do Grupo.
Minha prima disse que os versos revelavam sentimentos e que deveriam ser expostos.
Embora sempre achando meus versos intimistas, comecei a publicá-los, a enviá-los para outras editoras que faziam e fazem antologias.
E assim sigo, devagar, mostrando meus escritos, muitos deles transbordando minhas lágrimas após término de amores fugidios, cheios de sentimentos contidos.
Até o momento não me atrevi a fazer um livro-solo. Faço para amigos; faço as Antologias do Grupo, mas meu, ainda não.
Continuarei assim, pois o poeta se livra das emoções e escreve seus versos desta forma, libertando-os para serem apreciados, criticados, espoliados ou colocados de novo no limbo das bibliotecas que ninguém consulta.
Poesia não vende, já disse o poeta Rodrigo Capella.
Reservo-me,no entanto, no direito de apresentar somente aqueles que podem ser lidos. Os mais profundos e de certa forma, mais eróticos, esses que foram feitos para alguém em especial, ficarão guardados, só interessaram a esse alguém e não devem ser expostos.
Um dia, quem sabe, alguém vai vasculhar meus arquivos e descobrirá. Aí, não estarei mais aqui.
E assim sigo minha vida, amando e procurando ser amada pelos meus versos, por aquilo que sai do fundo de minha alma e os coloco na vitrine para quem quiser ler e se preferir, comentar.
Maura Soares
Aos 04 de julho de 2013, 06.35h,  manhã

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