sexta-feira, 10 de junho de 2011

Este poema Sete Gotas, foi premiado com o 1º.Lugar no Concurso Nacional Geraldo Luz de Poesia,ano 2000, instituído pela Academia de Letras Blumenauense, Blumenau, SC. Recebi o prêmio (um Troféu de Cristal), em 17 de novembro de 2000.

SETE GOTAS

I

Na gota de orvalho
revi teu semblante
teus olhos marcados
pelo peso dos anos
tua pele curtida
vincada pelo tempo

Na gota de orvalho
refleti minha angústia
imolei minhas dores
descerrei a cortina
da minha vida.

II

Gota que cai,
manchando o tapete desgastado da sala de estar.

O gato empoleira-se no parapeito.

A gota agora desvia-se
do caminho e
pinga e respinga a toalha
de renda da mesa de jantar.

O gato assustado dispara
com o olhar em fogo
e a rapidez dos raios.

III

Uma a uma
penosamente
contei as contas do rosário.

Cada hora, cada dia
fui desfiando como as
gotas que caem
de um pranto
silencioso.

IV

A folha treme
à primeira gota de orvalho.

Pesada, ela se inclina
para sentir o beijo
do sol da
manhã radiosa.

V

Na janela entreaberta
sinto os respingos da
chuva.

Ela molha o meu rosto
com as gotas
da  saudade.

VI

A criança brinca
com as mãozinhas
para o alto
tentando contar as
estrelas que brilham
e refletem-se nas
gotas claras de seus
olhos infantis.

VII

Palavras levadas
ao vento
como as folhas  no outono.

Gotas brilhantes
que saem das bocas
sedentas de amor.
Maura Soares

Um comentário:

  1. Obrigado, Mestra Maura Soares, por fazer-nos mais e mais amar a Poesia atraves de cada um de seus versos. Gotas brilhantes...

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