terça-feira, 12 de julho de 2011

António José Barradas Barroso, poetamigo d´além-mar, comparece mais uma vez, desta feita escolhi um poema do seu livro "...antes que chegue o inverno". Breve postarei outros deste amigo muito querido.


O FIM DA POESIA

Disseram-me, um dia,
que seria decretado, para todo o universo,
o fim da poesia.
Nem mais uma ilusão,
uma quimera, uma esperança,
não mais um sonho posto em verso,
nem mais a sublime descrição
do rosto duma criança.
E o céu que era azul, escureceu,
no jardim, murchou a linda rosa,
parou a brisa que corria, caprichosa,
o rapaz que namorava, emudeceu.
E, por toda a parte, o homem ficou perplexo
porque algo, sem nexo,
intolerável, medonho,
se moldava em lei p´ra lhe roubar o sonho.
E o rio que, lesto, corria para o mar,
foi diminuindo o seu caudal;
seguindo, agora, lento, de mansinho,
ao longo do estreito areal,
vai murmurando, baixinho:
- as almas dos poetas vão chorar!
António José Barradas Barroso
Parede, Portugal
[In: "...antes que chegue o inverno",pág.46]

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