quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

A CARTA

                                   “Adiós, pero conmigo serás, irás dentro de una gota de sangre 
que circule en mis venas o fuera, beso que me abrasa el rostro
 cinturón de fuego en mi cintura”.
                                               (in La carta en el camino, poema de Pablo Neruda)

Precisei me afastar, por isso te escrevo.
Por te amar tanto, me afasto de ti.
Não posso com este amor louco.
Ensandecida caminho pelas ruas pensando
em como dizer a ti do meu amor sincero,
mas sem futuro a teu lado, e isso me dói.
Dói meu corpo, dói meu rosto no esforço
que faço para sorrir.
Doem meus olhos de tanta insônia.
Parto, mas levo comigo a lembrança dos dias e noites
em que nos abraçamos, das juras trocadas,
mesmo eu tendo a certeza que eram juras
sem consistência.
Parto, amor.
Deixo o caminho livre.
Fica com ela, já que a amas tanto,
muito mais do que dizes que me amas.
Parto, querido, mas levo comigo este amor
que a ti devotei, simbolizado numa gota de sangue
e o sabor dos teus beijos em minha boca.
Levo o calor do teu corpo, o abraço apertado,
o aconchego dos lençóis.
Parto com o coração em chamas
como a brasa que ainda arde na lareira.
Maura Soares (releitura do poema de Neruda)
Aos 25 de janeiro de 2011, 21.05h

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