terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

         D E S E N C O N T R O


            Eles se conheceram em uma cidade do interior.
            Ela, médica, desquitada, um casamento fracassado sem causa aparente, apesar de um ser humano fantástico!
            Teria sido seu gênio forte ou seu ex-marido que não a conhecia e em conseqüência não soube conviver bem a seu lado?
            Mulher madura, já dentro dos quarenta e poucos anos, lutando bravamente para sobreviver, uma vez que a profissão não era das melhores em termos financeiros.
            Ele, engenheiro, fazendo serviços para uma Empreiteira, em segundas núpcias, já passando dos cinqüenta anos e apregoando aos quatro ventos ser muito feliz no seu segundo matrimônio. Talvez, sem querer admitir, mas estivesse infeliz e carente.
            Saíram pela primeira vez, conversaram muito, tomaram vinho, degustaram uma boa e bem feita pizza e na despedida, um beijo na boca, parecendo sem maiores conseqüências.
            Voltaram a se ver. Pintou “cama” e tornaram-se amantes!
            Apaixonaram-se loucamente e se amavam como dois adolescentes!
            Ela, sendo médica, preocupava-se sempre com a saúde de seu amor, uma vez que ele morava em outra cidade, bem distante dali.
            Viam-se algumas vezes por mês e sempre ela sugeria que era importante que tivessem uma pessoa amiga, comum aos dois, para dar notícias e saber dele, quando ausente.
            Dizia ela: -- “Podemos adoecer e como vamos fazer para que um saiba do outro?”
            Ele sempre prometendo providenciar alguém!
            Certo dia, não deu mais sinal de vida. Teve um derrame e veio a falecer, sem que ela soubesse!
            Os dias se passavam e ela cada vez mais sofrida, desesperada e se achando abandonada. Sofria a olhos vistos!
            Fora abandonada pelo único homem que realmente a fizera feliz!
            Foi ele quem a fez sentir o prazer do sexo, o orgasmo, pela primeira vez em sua vida!
            Ele, em verdade, fora seu primeiro e único homem, pois com o ex-marido, sexo servira para perpetuar a espécie, por sinal, dois filhos que ela amava e dava a vida por eles!
            O tempo passou! Ela envelheceu! Fechou-se como uma concha! Nunca mais quis saber de outro homem, nunca mais se entregou, nunca mais amou, até o final de seus dias!
            Morreu se sentindo enganada, sem saber que fora amada até os últimos momentos pelo seu engenheiro que, no estertor da morte, balbuciara seu nome, sem que ninguém pudesse entender!

(Escrito por Arnaldo, em setembro de 2003).
(postado por Maura)


Nenhum comentário:

Postar um comentário