segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

         PALAVRAS

“...E a cidade das palavras amanhece...
Tão justa e tão clara
Como um sol clareando o chão:
E os pés conscientes, passo a passo, vão...”
(in “Cidade das palavras”, de Samuel Souza Lima, Nilópolis,RJ)

            O dia novamente chega e eu busco palavras para expressar a noite que passou. Rolei na cama sem poder dormir, embora o dia tenha sido cansativo, porém prazeroso.
            Levantei-me, li artigos em uma revista, apanhei o jornal trazido da minha terra para ler notícias atrasadas, o livro de orações... Nada!
            Procurei de todas as maneiras, concentrar-me, pedindo o sono para relaxar o corpo, pensando no dia seguinte em que na cidade agora já não tão estranha para mim, poderia empreender nova caminhada, conhecer parques amplamente arborizados, ainda não visitados. Até que, finalmente, o sono veio.
            Falando em arborização, a cidade a qual visito é pródiga nisso. Até nas residências observo o pinheiro araucária enfeitando o jardim, bela árvore aos poucos desaparecendo no planalto serrano do meu estado natal, face à especulação imobiliária destruidora de matas e das nossas paisagens marinhas do litoral.
            Venho ao escritório e, nos papéis que trouxe para rascunho, encontro no verso de um deles, um poema citado em epígrafe neste texto, do qual extraí a última estrofe.
            Na minha leitura, transportei-me ao Rio que esteve na crista da onda dos noticiários, devido a enchentes e outros desastres. Falava o autor do seu estado natal, Rio de Janeiro, que na cidade das palavras, - na minha leitura – apesar das desgraças, os pés conscientes das pessoas que trabalham, que procuram fazer da sua terra a melhor terra do mundo, vão passo a passo, caminhando para uma vida melhor.
            Há muitas palavras, naqueles que ocupam cargos de direção, do que ações para a realização das benfeitorias a ser feitas numa cidade a fim de proporcionar aos seus habitantes uma melhor qualidade de vida.
            A palavra não se esgota, tenho afirmado exaustivamente e são nas palavras que os políticos se apóiam ao afirmar e reafirmar que tudo fazem para o povo, quando na verdade estão, isso sim, legislando em causa própria.
            E de palavra em palavra, a cidade amanhece, as pessoas vão aos seus trabalhos muitas vezes sem sequer cumprimentar seus vizinhos, mas em busca do pão de cada dia, cada qual imerso em seus pensamentos...
            Cada povo tem seu jeito de ser; uns são mais extrovertidos que outros; outros, por sua vez, mais tímidos, porém a comunicação é fundamental, seja ela tímida ou não.
            Embora políticos utilizem suas palavras para iludir seus eleitores, há aqueles que buscam a palavra para falar de Amor, este nobre sentimento que deve habitar sempre no coração dos homens.
            É em nome da palavra Amor que procuro expressar-me nesta cidade que mais uma vez amanhece prometendo a todos um dia pleno de realizações bastando, no entanto, que todos procurem por ela, transmitir o que lhe vai na alma, dando ao seu irmão, aquele que passa a seu lado, muitas vezes cheio de preocupações, dizendo simplesmente – Bom dia!
            Bom dia ao dia que amanhece;
            Bom dia ao sol que, tímido, se esconde nas nuvens;
            Bom dia ao pai, ao irmão, ao filho, ao amigo e até ao padeiro que lhe vende o pão pela manhã;
            Bom dia ao estranho que talvez seja um ser precisando disso para enfrentar a vida que amanhece,
            Bom dia na cidade... a cidade das palavras!
            Maura Soares
            Curitiba, aos 07 de fevereiro de 2011, 09.15h  


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