sexta-feira, 4 de março de 2011

HORA DE HOMENAGEAR MAURA DE SENNA PEREIRA

Hora de homenagear a Patrona da Cadeira 33
Ocupo, na Academia Desterrense de Letras, a cadeira 33, cuja patrona é a poetisa catarinense Maura de Senna Pereira.
Tive a oportunidade de fazer uma Sessão Especial no Auditório Barreiros Filho, na Biblioteca do mesmo nome, local da sede do Grupo de Poetas Livres, por ocasião do centenário de nascimento da poetisa,em 2004.
Em 2010, fiz o panegírico pela ADL, no mesmo auditório.
Maura nasceu em 10 de março de 1904.  Foi uma mulher adiante do seu tempo. Jogou pro espaço um casamento frustrado, dolorido (dizem que ele lhe batia) e saiu de Porto Alegre direto para o Rio de Janeiro e lá, thanks God, encontrou o amor junto a outro poeta – Almeida Cousin -  que durou até o falecimento dele. A ousadia de Maura deu-se nos anos 40 do século 20. Ardentes, viveram um amor carnal recheado de poesia. No dizer de Lauro Junkes que nos brindou com a obra “Poesia Reunida e Outros Textos”, “Maura revela-se, desde os primeiros anos de escritora, uma pessoa de emotividade esfuziante, uma personalidade que tinha necessidade imperiosa de contato humano, de comunicação, de amor.”
Maura deixou as obras “Despoemas”, “Cantiga de Amiga”, “Poemas-Estórias”, A Dríade e os Dardos”, “Busco a Palavra”, “Sete Poemas”, “Poemas do Meio-dia”, “Círculo Sexto”, País de Rosamor”, “Cântaro de Ternura”, “Canto da Companheira”.
Maura cantou a sua terra natal, a Ilha de Santa Catarina, embora residindo em outra terra. As pessoas da Ilha não aceitaram a atitude da poetisa em querer viver um grande amor. A provinciana capital a sufocava e deixou-lhe uma profunda mágoa ao não lhe dar sequer uma singela homenagem.
Como forma de homenageá-la, ela que faria aniversário em 10 de março, transcrevo um dos poemas que mais gosto:
EM VERDADE TE DIGO
Em verdade te digo que não foi naquela hora
que te pertenci: quando me tomaste nos teus braços poderosos
e me tiveste sob teus beijos e tua respiração.
Em verdade te digo que não foi naquela hora
mas quando, diante do teu, surgiu meu espírito livre
e novo de rebento inquieto deste século
e descobrimos todas as comunhões das nossas almas.
Quando conheceste as minhas derrotas
e disseste que eram triunfos.
Quando viste pulsar meu coração nu
e o festejaste.
Quando soubeste que nem sempre
os teus pensamentos são os meus pensamentos
nem os teus caminhos são os meus caminhos
Mas o amor brilhou como nunca em tua face
e me surpreendeste com a torrente de palavras
de que eu tinha sede
desde a minha primeira hora consciente.
Foi quando te pertenci.
(pág.167)

Outro poema:

CANTO DA AMANTE AMADA
Ainda trazendo sol e sal
além do ímpeto e da esperança
chegou o Amado.
É alvo o leito e o instante é alvo
porque desatado
de tudo o que antes
turvava o amor.
Nada conspurca
incompleta ou ensombra
meu festim de entrega
e o total carinho pela noite alta
me faz tão sagrada
que me julgo a terra.
Ah, eu sei que – um dia – estarei derramada
em cinzas pelas companheiras rosas
mas -  antes – rosas brotarão em mim.
(pág.107)

Um comentário:

  1. Boa noite! Sabe informar o local de nascimento no Município de Florianópolis da poetisa Maura de Senna Pereira? Obrigada!

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