Caros amigos que lêem este meu Blog.
Apreciem, como eu apreciei demais e fiquei encantada, a Releitura do soneto da poetisa portuguesa Florbela Espanca, intitulado “Tortura”.
Os amigos que assinam a releitura são poetas de Portugal, entre eles o nosso conhecido associado do Grupo de Poetas Livres – António José Barradas Barroso (Tiago) – com Eugénio de Sá, Odir, de passagem(este de João Pessoa, Paraiba) e a poetisa Carmo Vasconcelos.
Com o título de
“Ensaio sobre a poesia de Florbela Espanca” os sonetos enriquecem sobremaneira este meu espaço que fiz pra divulgar meus escritos e os escritos dos amigos, de qualquer nação.
Tortura
Tirar dentro do peito a emoção,
A lúcida verdade, o sentimento,
- E ser, depois de vir do coração,
Um punhado de cinza esparso ao vento!
Sonhar um verso d alto pensamento,
E puro como um ritmo de oração!
- E ser, depois de vir do coração,
O pó, o nada, o sonho dum momento!
São assim ocos, rudes, os meus versos:
Rimas perdidas, vendavais dispersos,
Com que eu iludo os outros, com que minto!
Quem me dera encontrar o verso puro,
O verso altivo e forte, estranho e duro,
Que dissesse, a chorar, isto que sinto!
( Florbela Espanca - In Livro de Mágoas)
Respondendo a Florbela
(Tortura)
Não se esvazia assim esse teu pranto
Com um sopro de vento, um temporal
Mas tenta um verso puro, talvez santo
Que o que é santo é do bem, renega o mal
Esquece a altura a que possa subir
Um pensamento nobre em verso posto
Que o importante é não deixar cair
Um sorriso fugaz nesse teu rosto
E vê; nada há de rude nos teus versos
Que a tristeza é demais e a solidão
Conta de ti efígies e anversos
E não percas na rima a solidão
Que sem ela o poeta perde o amplexo
De que se serve a sua emoção.
Eugénio de Sá - 2009
Tortura
Odir, de passagem.
Gritar o grito que minh'alma anseia,
chorar o pranto que meu peito chora...
- E ver o verso vago em minha veia,
sentir que a voz do grito o apavora!
Buscar a rima de coragem cheia,
desarraigar a dor sem mais demora...
- E ver a musa à minha febre alheia,
a fugir do furor que me devora!
Ah, se meu verso versejasse a vida!
Ferisse, a ferro e fogo, o fel da fome,
ao fraco afortunasse a fé perdida!
Mas seja o rumo que meu verso tome,
a sua voz jamais será ouvida:
É verso de poeta inda sem nome!
JPessoa/PB - 18.02.2011
Oklima
Tortura
Carmo Vasconcelos
Como arrancar do imo o sentimento,
Calcá-lo aos pés, tornado pó informe,
Fazê-lo assim volátil como o vento,
Como se mero grão - se ele é enorme?
Como calar o grito apaixonado,
Na pauta dar ao Sol , nota silente,
Roubar ao rouxinol o seu trinado,
Como se moribundo se é vivente?
Como entendo, Florbela, o teu tormento,
A mágoa que te assalta o coração,
Quando ao verso te entregas com paixão
Buscas no verso puro o lenimento.
Quem dera eu não esbarrasse nesse muro,
E pudesse ofertar-te o verso puro!
Lisboa/Portugal
18/Fevº/2011
Companhia
António Barroso (Tiago)
Florbela, conterrânea, companheira,
Infeliz pelo tanto que te deste,
Regavas o amor, à tua beira,
Com lágrimas do muito que sofreste.
Pudera eu achar mágica maneira
De ter vivido o tempo em que viveste,
Seria dedicar-te alma parceira,
Confidente amiga que não tiveste.
E então, talvez o amor fosse alegria
Florescendo em jardim de fantasia
Com pétalas brilhando à luz da lua.
De mãos entrelaçadas, caminhando,
Terias sossegado, repousando
No conforto duma alma gémea tua.
19/Fev/2011
Para a gentileza de Maura Soares, minhas saudações e todo o meu carinho.
ResponderExcluirFeliz por ter conhecido esta nobre Senhora das Letras e o seu importante e bonito espaço, confesso-me grata, em nome de todos os poetas amigos que neste Encontro Poético deram voz à voz de Florbela Espanca, essa Divina e consagrada Poetisa do meu país.
Muito Obrigada, Maura Soares!
De Portugal, votos de sucesso literário, e o meu abraço com carinho
Carmo Vasconcelos
http://carmovasconcelosf.spaces.live.com
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